sexta-feira, 25 de abril de 2008

Recolha ilegal de órgãos.

Nota de introdução.
Vamos partir do pressuposto que este mito é real, temos que acreditar que sim, para que a leitura se torne mais realista. Contudo temos que introduzir uma percentagem de fantasia, para que as nossas vidas possam decorrer, sem que sejamos levados á loucura.


A noite já ia bem entrada, por outras palavras todas as minhas noites de Sábado são assim.
Começam no salão de jogos lá da rua e acabam sempre imprevisíveis.
Mas havia algo neste preciso instante me estava a incomodar o estômago. Não sei se teria sido por ter comido pouco ao jantar, ou se seria pelo facto de ter bebido nove imperiais? Ou talvez por ter bebido também quatro shots. A música estava alta, as luzes da discoteca já me cegavam.
Estava tonto.
Indisposto.
A Minha cabeça parecia que ia estourar.
Dirigi-me á porta da saída de emergência, mas estava lá um segurança privado daquela instituição de divertimento.
-Deixa-me sair, estou indisposto preciso vomitar e acho que vou desmaiar.
-Não pode, esta é uma saída de emergência, o senhor tem que pagar e dirigir-se á saída principal.
-És surdo? Isto é uma emergência já te disse que vou vomitar.
-E eu já disse que...
O pior aconteceu, foi mais forte que eu, vomitei.
Não foi no chão, nem foi nos cortinados da porta da saída.
Foi exactamente em cima dos pés do segurança.
Muito antes sequer de me ter apercebido da quantidade de líquido que regurgitei, já estava a sentir as enormes e fortes mãos do segurança. Um trapo, foi isso mesmo que eu me senti nas mãos daquele homem. A porta de emergência foi finalmente aberta, através dela passei eu a voar sem tocar com os pés no chão, para por fim aterrar em cima de um porche carrera.
Atrás de mim veio logo o segurança, para me fazer pagar pelo meu erro. Os sapatos estavam vomitados, se estavam vomitados a culpa era minha, se a culpa era minha logicamente seria eu o saco de box. Agarrou-me pelo pescoço levantou-me no ar e preparou-se para me esmurrar a cara toda. Cerrou o punho e puxou-o bem atrás, quando ia desferir o golpe, simplesmente parou. A porta do Porche abriu-se, os curiosos que entretanto se juntaram para ver o extermínio, pararam, e viram sair de lá de dentro a loura com mais pinta que tinha aparecido por ali naquela noite.
Dirigiu-se a mim, os olhos azuis faiscavam de sensualidade, trazia um lindo vestido de noite, coberto de lantejoulas prateadas, os sapatos de salto alto agulha dificultam-lhe o andar, por entre as pedras da calçada, e aparentava ter cerca de vinte e oito anos.
-Jaime, desse cuido eu. Disse ela com um tom autoritário ao segurança.
E para meu espanto, ele largou-me. Como se de uma ordem se tratasse.
Ela encostou-se a mim, carinhosamente envolve-me o pescoço com a sua doce mão.
Inclinou-me sobre o seu peito, e dá-me uma valente joelhada bem no centro do meu fraco estômago.
-Esta foi por teres amolgado a chapa do meu carro.
Ao contorcer-me com dores, dobrei-me mais ainda sobre o estômago.
Foi quando recebi uma cotovelada nas costas.
-E esta foi por incomodares o Jaime.
Agora tudo tinha ruído á minha volta, para além de agora também me doerem as costelas, o estômago doía-me a triplicar.
-Jaime, dispersa os curiosos, fecha a porta e volta ao serviço.
Disse ela com voz forte e bem colocada.
De seguida agarrou em mim, envolveu o seu pescoço com o meu braço e arrastou-me para dentro do Porche.
-Como é que te chamas? Perguntou-me enquanto conduzia loucamente a velocidades impróprias para circular dentro da rotunda do Marquês.
-Pedro, chamo-me Pedro. Respondi-lhe num sussurro, a custo.
-Então e agora como é que tencionas fazer?
- Fazer o quê?
-Como é que vais pagar a porcaria das amolgadelas. Disse ela, no preciso momento que passava um sinal vermelho a 120 km/h.
- Não vou pagar nada, se não fosse o parvalhão daquele gorila a atirar-me para cima do carro nada disto tinha acontecido.
- O Jaime não é nenhum gorila.
- Vocês conhecem-se?
-Sim, a discoteca é do meu pai. Disse, fixando-me nos olhos.
Ouvimos o som estridente de uma buzina, olhamos para a frente, e um carro que vinha em máximos desviou-se de nós que circulávamos pela avenida da liberdade abaixo em contra-mão.
- És louca! Olha para a frente ou ainda nos matas.
Abrandou.
Pegou no Nokia n95 e fez uma chamada.
Disse três frases num dialecto estrangeiro, e desligou.
- Falaste com quem?
-Tenho fome.
-Ouviste? falaste com quem? E que língua é essa?
Disse eu com pouca autoridade.
- Não interessa, vamos comer a um lado qualquer.
- Pára, está ali uma roulotte que serve cachorros.
-Roulotte? Achas-me com cara de quem mata a fome a comer em roulottes?
- Vamos á Avenida a um sítio porreiro devorar uma tosta.
- Tosta ou cachorro, ambos não passam de lixo. Disse eu para logo após me arrepender.
O Porche travou a fundo, fez inversão de marcha e arrancou a patinar, fazendo com que eu batesse com a cabeça no vidro lateral e saísse fumo dos pneus traseiros.
Depressa atingiram os 130 km/h, dentro de Lisboa era alucinante. Até chegarem á Avenida era coisa de três minutos.
O roncar do motor do porche silenciou-se mesmo de frente á discoteca. Saíram os dois e ela atirou as chaves a um empregado, cujo trabalho era estacionar os carros dos mais dotados monetariamente.
Entraram em conjunto, as cerca de cento e cinquenta pessoas que dançavam ao ritmo duma música irritante estavam alheias á presença deles.
Encostaram-se ao balcão e ela pediu duas tostas e dois finos.
Não passaram cinco minutos e já as tostas estavam em cima do balcão.
Peguei na tosta e trinquei-a, olhei em redor e não vi a minha cicerone, que ainda nem sequer o nome dela sabia.
Pousei a cerveja e a tosta em cima do balcão dei dois passos em frente para ver se a via a dançar no meio da pista, e nada. Olhei para a saída e também não a vi.
Ao voltar para o balcão vi que os nossos lugares não só estavam ocupados como também duas lindas e atraentes jovens estavam a comer as tostas.
-Essa tosta é minha e aquela é da minha amiga.
-A imperial podes beber, agora as tostas decerto não vais negar a duas meninas famintas, pois não?
Com tanta coisa que me tinha acontecido nesta noite o melhor seria ignorar o acontecimento.
-Ok, como eu não sei da minha amiga podem comer as tostas, mas a imperial é minha.
-Tens nome?
-Tenho, sou o Pedro.
- Pedro estás a ver aquela mesa?
-Sim.
-Vamos para lá.
Dirigimo-nos a uma pequena mesa mal iluminada junto á pista de dança.
-Eu sou a Carla e a minha prima chama-se Rita.
- Muito prazer, desculpem eu hoje não estou nos meus dias, a noite está a correr-me mal, e não sei porquê estou a ficar com sono.
Ainda as ouví dizerem algo relativo ao meu sono, mas tudo deixava de fazer sentido.
As imagens estavam desfocadas.
A música era imperceptível, e só ouvia ecos.
Os olhos pesavam cada vez mais.
Não aguentei, e adormeci mesmo de frente daquelas beldades que queriam estar á conversa comigo a noite toda.
E quem sabe se algo mais se proporcionaria.
A partir do ponto em adormeci tudo para mim deixou de fazer sentido.
Acordei numa cama não sei onde nem a que horas, a olhar para mim estavam vestidas com uma bata branca a Carla e a Rita.
Doía-me o corpo todo e estava imobilizado, olhei para cima e vi a loura do Porche.
Vi-a pegar em dois frascos de algo que não reconheci, e preparou uma injecção que me fez dormir profundamente.
Tão bem que me soube o silêncio.
- Senhor, acorde.
Acordei, já era dia e estava na rua, um pastor dava-me bofetadas na cara para eu acordar.
Estava todo nu, dentro duma banheira cheia de pedras de gelo e sangue.
Assustei-me, levantei-me mas doía-me o corpo todo, mais concretamente na zona das costelas.
Olhei, e quase desmaiei.
A minha barriga tinha cerca de cinquenta pontos cirúrgicos, dos quais corria sangue a fio.
Fiquei tonto, rodopiei e desmaiei para dentro da banheira novamente.
Acordei novamente, mas desta feita já num hospital público.
Alguns dias passaram e tive alta.
No hospital disseram que fui raptado e que me foi roubado o rim do lado direito.
Também tentaram retirar parte do fígado, mas algo deve ter corrido mal e abortaram a operação, porque a intenção não era matar.
Também fui á polícia fazer queixa da filha do dono da discoteca.
Mas foi-me dito que essa discoteca tem duas donas sexagenárias, e que quem gere a discoteca são os netos, que têm cerca de trinta e cinco anos.
Quanto ao segurança, não trabalha na discoteca e nunca foi visto por aquelas bandas excepto naquele dia.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Mito do Chip No Pato á Pequim.

Toca o telefone, três toques.
Artur atende mesmo a tempo, mais um toque e a Patrícia sua mulher desligava a chamada.
- Estou ?
- Sim ?
- Amor, antes de passares no infantário para trazeres o Frederico vai ao supermercado, traz uma garrafa de azeite e pão para o jantar.
- Especialmente hoje estava a pensar em algo diferente.
- Em quê ?
- Vou buscar o Frederico, levo-o a casa da tua mãe e vamos jantar fora.
- Bem pensado, hoje até nem estava com muita vontade de cozinhar.
- Estás a ver aquele restaurante chinês onde fomos jantar com o Jaime e a Beatriz?
- Sim, apetecia-me antes um belo bife á Portuguesa, mas se o meu amor lhe apetece chinês, que assim seja.
- O.k. vou só deixar o Frederico, e já te vou buscar .
Atravessar o itinerário complementar (I.C) mais movimentado da Europa ás sete da tarde não era tarefa fácil.
Ou seja, a tarefa até se revelou fácil, a rapidez é que nem tanto .
A avó Rita já estava á porta para receber o Frederico, previamente avisada com um telefonema do Artur enquanto conduzia o seu Hyundai santa fé.
Frederico acabara de ficar com a avó Rita, mas o Artur até chegar a casa ainda tinha que percorrer cerca de sete quilómetros.
Artur sobe dois lances de escada e entra no segundo esquerdo, apartamento que divide com a Patrícia há quatro anos desde que casaram.
- Amor cheguei.
- Estou no banho.
- Então vou só reservar lugar para dois á luz de velas, pela net .
Após uns longos quarenta minutos, estão os dois no conforto do seu automóvel.
Patrícia põe a tocar um C.D de musica romântica.
Aquela meia hora de viagem até ao restaurante pareceu apenas cinco minutos, na presença sempre agradável da sua mulher.
Á entrada dois imponentes dragões, esculpidos em madeira maciça .
Após o wall, uma simpática senhora vestida com um lindo kimone preto bordado a dourado, fazia a recepção e posterior encaminhamento dos clientes até ás mesas.
Duas velas com um agradável aroma ardiam dentro dos castiçais situados mesmo no centro da mesa.
Uma senhora um pouco mais velha que a anterior, com uma evidente cicatriz recentemente curada na mão direita, colocou duas ementas em cima da mesa.
- Já sei o que vou jantar.
Disse Artur.
- E eu vou arriscar em adivinhar o teu pensamento.
- Podes tentar, mas será em vão.
- Estás a pensar em Pato á Pequim.
- Acertaste.
- Da ultima vez que cá estivemos disseste, “- Para a próxima vou provar o Pato á Pequim .”
- Foi? Não me recordo.
Artur chamou a simpática senhora.
- Já sabem o que vão jantar?
- Já, vamos jantar os dois Pato á Pequim, visto só termos ouvido dizer bem dessa iguaria.
- E para beber?
- Traga-nos um bom vinho tinto português, mas antes do pato traga-nos duas sopas de ninho de andorinha .
Não se passaram mais que vinte minutos para que a senhora pousasse uma travessa bem recheada com Pato á Pequim, acompanhada de duas taças de arroz.
- Bom apetite.
Disse a simpática senhora, que agora já se afastava com um passo muito miudinho, para deixar o casal jantar em armonia no ambiente das velas.
- Que cheirinho agradável tem este pato.
Disse a Patrícia para logo de seguida começarem a comer.
- Este pato com arroz está divinal, mas dizem que o que dá muito sabor a este tipo de pato, é a pele bem passada ligeiramente queimada .
Afirmou Artur.
- Neste caso, não é a pele que dá o sabor, porque este pato não tem pele!
Exclamou a Patrícia para logo de seguida trincar algo muito duro.
Algo tão duro que fez com que lascasse um pouco de dente da sua forte dentição.
Por instinto e com o pânico engoliu.
O que quer que fosse.
Engoliu.
Agora as dores já não eram apenas nos dentes, mas também no abdómen.
Se haviam dores que doíam, eram aquelas.
Como se de facas a espetarem no estômago se tratasse .
Artur não pensou.
Apenas reagiu.
Pegou na sua esposa e saiu, pela porta fora do restaurante derrubando algumas cadeiras pelo caminho.
Hospital.
Era o caminho a seguir conduzindo o seu Hyundai.
Alguns telefonemas influentes, fizeram com que entrassem directamente para o gabinete de urgências do Dr. Jorge de Almeida.
Radiografar o abdómen seria o primeiro passo a dar após uns pequenos exames preliminares .
Uma cápsula.
Era exactamente o formato duma cápsula que estava a causar exuberantes dores no abdómen da Patrícia .
Passados alguns minutos, já ela se encontrava no gabinete de endioscopia , com uma sonda entrando-lhe pela garganta, e que finalizava no estômago.
Volvidos sete minutos e meio, já a dita cápsula havia sido retirada .
Não era uma cápsula.
Não era um ferro.
Não era um vidro.
Era um Chip.
Um Chip de identificação animal.
Cinco dias passaram.
E como tinham apresentado queixa na policia, era tempo de passar na esquadra para saber o resultado da identificação do Chip .
O chip pertencia a um Cão de raça PittBull de côr branca com o nome de Fight cujo dono era de nacionalidade Portuguesa.
Procurado pelas autoridades pelo facto do respectivo animal ter atacado uma cidadã de origem oriental, encontrava-se agora a monte procurado pelas autoridades .

quinta-feira, 19 de abril de 2007

O dia em que eu morri ( Mito do Caixão )

Esta é uma história de ficção qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência.
E atenção :- Não deve ser lida por pessoas facilmente impressionáveis.


O dia em que eu Morri.
Este é o mito da caixa preta em que um dia todos nós entraremos. Mortos ou Vivos.

Nessa manhã como em muitas outras, o dia na grande cidade amanheceu com o céu bem límpido.
Dentro da minha caixa de papelão já se fazia sentir o calor.
Apetecia-me dormir mais um pouco, mas era praticamente impossível continuar dentro da minha “casa”.
O calor sufocava, estava escuro dentro da minha caixa de papelão.
Era apertadinha ,afinal não passava duma caixa que vinha a embalar um frigorifico.
E que alguém deitou para o lixo .
Mas o que uns não querem, a outros faz muita falta. É uma valente caixa de papelão
já resistiu a três invernos, mas agora já estava a ficar gasta e meia rasgada.
Virei-me de costas para a atmosfera meio enrolado nos cobertores , quase que roçava com o nariz na parte cimeira da caixa.
O topo da caixa servia de porta .
Com uma pancadinha abri a tampa e fui saindo.
A claridade da manhã depressa me causou uma cegueira temporária .
Piscarinhei os olhos várias vezes e fui-me habituando á claridade.
Sentei-me no chão doía-me o corpo todo, criando a ilusão que tinha sido atropelado.
Passei a mão cofiando a barba ,que me fazia um atroz comichão na cara.
Não me lembro quando foi a última vez que a cortei.
E o cabelo? Esse já me passava pelos ombros .
No alto dos meus quarenta e sete anos, não me lembro de alguma vez ter passado por uma fase destas .
A minha caixa estava bem juntinho á montra do café central.
E aqueles bolos, pães e folhados que se amontoavam dentro da vitrine?
O meu estômago roncava, como é seu apanágio todos os dias repetir a mesma façanha, roncar, qual porco numa pocilga .
As minhas pernas tremiam, estava impaciente e faminto.
Comecei a trabalhar.
Trabalho que se resumia a esticar a mão e pedir algumas moedas para tomar o pequeno almoço.
- Dê uma moedinha ao pobrezinho .
Dizia eu a um “senhor doutor” esguio e de semblante carrancudo que passava.
- Faça como eu, vá trabalhar!
Trabalhar, como se fosse fácil para mim arranjar um trabalho com esta idade e com todos os problemas de saúde que se foram agravando.
- Olá, senhor pobre. Disse uma linda menina de olho azul e cabelo loirinho com cerca de cinco anos que passava de mão dada com a mãe.
- Olá, bom dia anjinho .
- Dá uma moedinha ao senhor .Disse a mãe .
- Bem ajam, e um bom dia para quem pratica o bem.
Um euro !
Já dá para comer uma bela sandes de torresmo .
Levantei-me meio tremulo das pernas .
Entrei no café .
- Bom dia senhor Artur , faça-me uma sandes de torresmo.
- Bom dia.
Os outros, os senhores sociais, olhavam-me com altivez , o meu mundo não é o mesmo que o deles.
Falando em bom português não é só o meu mundo que não é igual ao deles. Mas também a minha roupa as minhas botas, a barba, o cabelo e o cheiro . Sim o cheiro porque aquele cheiro de perfume não sei das quantas já me estava a dar vontade de vomitar algo que eu não tinha no estômago.
Peguei na sandes e saí para o meu local de trabalho.
Sentei-me e voltei a esticar o braço, para mais umas moedas pedir, para mais um dia passar e outro e outro e outro.
Seria assim até o todo poderoso assim desejar.
Com o sol a bater-me na cara, mal conseguia ver para o outro lado da rua .
Mas era ela , era mesmo ela , o anjinho de olhos azuis que me acenava e sorria do outro lado.
O sinal verde estava aceso e os carros passavam rápido.
Mas onde estava a mãe dela?
Acenava sorria e dizia – Olá senhor pobre.
Levantei-me.
Ela dava sinais de querer atravessar.
- Olá senhor pobre. Repetia ela.
Os carros passavam a um ritmo alucinante.
E aquela mãe que não aparecia.
Ela deu um passo em direcção á estrada .
Eu não pensei nessa fracção de segundo, o meu sangue gelou a sandes de torresmos caiu ao chão e eu gritei
–Espera.
E corri na direcção dela .
Ouví uma travagem, e um grande estrondo precedido de silêncio.
Depois ,perdendo a noção do tempo ouvi o som duma sirene de ambulância.
Senti o peito arder com os choques que me iam dando.
Depois veio o silêncio.
O silêncio.
Nunca pensei que o silêncio fosse tão silencioso .
Que estranho!
Silencio escuridão e calor , muito calor , e o ar que me faltava.
Estava deitado de costas.
Que pano era este que me cobria a face?
Uma forte dor na perna direita ,fez-me esticar o braço para acalmar a dor.
Mas rapidamente recuei ao embater com a cabeça no tecto da caixa.
Caixa?
Não era a minha caixa.
Suava em bica, o ar escasseava .
E as dores ?Umas dores brutais que me percorriam todo corpo .
A minha caixa não estava forrada com tecido, nem era silenciosa , nem era escura como o breu , nem faltava o ar dentro dela , nem tinha uma almofada tão dura.
Um caixão !
Estou dentro dum caixão!
Não pode ser ?
Arranhei o tecido até o rasgar , senti a madeira.
Arranhei mais ainda.
Parti as unhas e arranquei a pele dos dedos.
É Mesmo um caixão.
As Dores.
Virei-me para baixo.
Bati com força no fundo.
Voltei a virar-me.
Gritei .
Gritei mais alto.
Falta-me o oxigénio.
Não consigo gritar.
As dores, já não doem .
Parei de suar, empalideci .
Senti um zumbido .
Os músculos relaxaram.
A minha cabeça tombou para o lado.
Involuntariamente os olhos fecharam-se.
O silencio, de novo o silêncio.
Para sempre o silêncio.
Eterno.
Silêncio.

sábado, 31 de março de 2007

Filme Vale da Encruzilhada

Filme Vale da Encruzilhada.
Produzido por mim e representado pelo Fernando,pela Ana Lúcia e pela Marisa.




sábado, 24 de março de 2007

Atrás do Banco.


O Banco de trás.

Eu pensava que era apenas nos filmes que isto acontecia,
Desta vez não se passou com um conhecido meu, esta história
É mesmo contada na primeira pessoa.
Na sexta feira fiquei na empresa até depois da hora habitual com o meu assistente “prefiro não revelar o nome”.
Ficamos a fazer umas verificações numas facturas para posteriormente serem enviadas para a contabilidade.
Quando finalmente só faltavam acertar quatro ou cinco, pedi-lhe que me fosse buscar a carrinha da empresa á garagem, “ Mercedes Vito” e que passasse novamente aqui pelos escritórios.
Assim o fez.
Acabei de verificar as últimas facturas, e guardei o resto dos documentos que faltavam, dentro da gaveta da secretária.
Passei pela recepção da dona Lina e deixei-lhe um anotação que já podia entregar tudo na contabilidade.
Apaguei as luzes do escritório inteiro dirigi-me á saída, desci o lance de escadas que dá para a entrada principal.
Onde deveria estar o meu assistente com o carro .
Mas não estava.
Esperei.
Esperei mais um pouco.
Mas quinze minutos para ir buscar uma carrinha ás traseiras da fábrica já se considerava um abuso .
Fui ao seu encontro.
Andei cerca de oitenta metros sobre o piso alcatroado, estava escuro, a luz de presença com detector de movimentos, que deveria iluminar aquela esquina não acendeu.
Virei á esquerda .
Andei mais uns metros, até que vislumbrei lá ao fundo a Mercedes.
Continuei a caminhar e comecei a ver o meu assistente ao volante.
Tinha apenas percorrido alguns metros.
Estava virado para mim, os olhos completamente vidrados a olhar para o vazio, as mãos cravadas no volante e a tremer num pânico profundo .
Olhei para ele, não se mexia apenas tremia .
Abri a porta.
- O que se passa ?
Ele olhou para mim.
- Lá atrás ! Vai á caixa de carga tirar aquele homem lá de dentro!
- Como? Que homem !?
- Não sei .Rápido antes que ele faça alguma coisa!
Fiquei paralisado com os nervos, mas depois raciocinei cheguei á conclusão que era impossível estar alguém lá dentro.
Visto eu ter andado todo o dia com a carrinha a visitar clientes e andou sempre vazia .
Quando cheguei, tranquei-a e não mais voltou a ser aberta.
Dirigi-me á porta traseira confiante de que nada lá se encontrava .
Coloquei a mão na tranca para abrir, estava destrancada visto o fecho centralizado a ter aberto minutos antes.
Abri a porta, lá dentro estava escuro a luz de presença teimou em não acender .
Duas grandes caixas de papelão vazias caíram para cima de mim, assustei-me e recuei.
Olhei melhor, excluindo aquelas duas caixas que já se encontravam no chão , nada mais estava dentro da carrinha .
Chamei-o .
- Vês, nada, está vazia não está cá homem nenhum .
- Agora ajuda-me a carregar as caixas novamente.
Carregamos as caixas, e seguimos viagem .
Eu conduzia .
Após alguns minutos de ter abandonado o recinto dá fábrica e já em plena IC 19, sentimos a carrinha abanar.
O piso era regular, vento não estava.
Olhei pelo retrovisor lateral e vi que os outros automobilistas se encontravam distantes, excluindo assim o facto de ter sofrido um pequeno embate .
Olhei para o retrovisor interior e vi um rosto escuro, a olhar-me nos olhos .
Mil e um pensamentos ensombraram a minha mente naquela fracção de segundo .
Descontrolei-me.
Dei uma guinada rápida e fui embater no separador central, voltei a olhar para o espelho e vi a mesma imagem um homem que me olhava com raiva.
Raça branca mas pele suja enegrecida, os olhos pareciam faiscar reflectidos no retrovisor .
O meu assistente gritava em pânico por duas razões.
Por ter-se virado para trás e ver o mesmo rosto que o ensombrara á alguns minutos atrás.
E por ver que íamos mesmo em direcção do rail que separava a berma da estrada dum precipício.
Consegui dar uma guinada ao volante, pôr o pé ao travão e imobilizar a viatura em segurança na berma.
Saímos da carrinha .
Cá fora sentia-se o ar fresco duma noite de Inverno Primaveril .
Muitas perguntas passavam a um ritmo alucinante nas nossas mentes.
O que foi aquilo, ou melhor quem era aquela pessoa?
O que fazia ali?
Porque estava ali agora se á minutos atrás não estava lá?
Encontramo-nos junto á porta traseira da carrinha sem combinarmos, era como que se fosse uma lógica que tinha que ser seguida.
Agora dentro de mim já não existia o sentimento de medo , pânico ou de insegurança.
Consegui concentrar todos estes sentimentos em fúria e numa enorme ansiedade de abrir a porta e descarregar toda a raiva que sentia naquele ser desprezível que me causou um acidente.
Abri a porta, as caixas voltaram a cair e a luz a não acender.
Desta vez não recuei, avancei, mesmo no escuro avancei.
Estava decidido a descarregar toda a minha raiva naquele desgraçado.
Mas depressa cheguei ao fundo da caixa de carga sem nada ver.
Virei para trás.
- As caixas! Abre as caixas.
As caixas foram abertas e nada, estavam vazias á excepção dumas pequenas folhas de esferovite , que serviram de amortecimento dos materiais que se faziam transportar nas caixas.
Nada de nada , a carrinha estava vazia .
Como aconteceu aquela visão colectiva ?
E será que foi uma visão ?
Se foi uma visão como pode ter acontecido a duas pessoas?
Uma carrinha com mil e setecentos quilos não abana com uma visão.
E se não foi uma visão ?
Onde se meteu aquele homem ?
Será que anda no escuro do banco de trás do seu carro ?
Ao entrar no seu carro você olha para trás do banco ?
De certeza que olha ?

quinta-feira, 15 de março de 2007

O Sopro

O sopro
Dormes bem ?
Por vezes acordas de noite e não sabes porquê ?
Existem rumores dum sopro que nos acorda de noite.
Aconteceu há algum tempo ao Hugo, um estudante universitário.
Nessa noite como em tantas outras, Hugo estivera com os amigos num bar a divertir-se e a pôr a conversa em dia. Hugo apenas bebeu água visto não poder ingerir bebidas alcoólicas devido aos medicamentos que o medico lhe prescrevera dias antes por causa da dor no joelho. Essa noite estava peculiarmente fria. Hugo vestiu o casaco ao sair do bar para entrar no carro do Vítor, que era um colega seu e também a sua boleia para casa. Após longa viagem, pararam á porta da residência de Hugo . Hugo saiu do carro de Vítor e dirigiu-se á porta de sua casa.
Voltara a esquecer-se das chaves!
Tocou á campainha, o pai aproximou-se da janela do primeiro andar da moradia, olhou e viu Hugo junto á porta principal. Voltou a fechar a janela e desceu ao rés do chão para abrir a porta a filho. Ambos subiram para os quartos, Hugo despediu-se do pai com um beijo de até amanha. Meia noite e dez indicava o relógio de parede que havia ganho numa rifa da quermesse das festas de verão . Essa seria também a hora ideal para ir dormir e descansar cerca de oito horas. Que são as horas que um corpo adulto necessita para recuperar todas as energias . Vestiu o pijama azul com ursinhos amarelos e aninhou-se dentro dos lençóis de flanela quentinhos . Apagou a luz e fechou os olhos . Não tardou dez minutos para adormecer.
Mas algo se passava porque Hugo mesmo a dormir não sossegou, já se havia virado três vezes. Acordou repentinamente levantou o tronco acendeu a luz e apoiou-se com as mãos no colchão . Nunca antes lhe havia acontecido tal coisa. Um sopro, foi um sopro frio , rápido e gelado que sentiu bem forte na pele da sua cara. Não foi um sonho porque a cara estava fria e a pele pálida Hugo escorria suores frios . Que situação nunca antes sentiu medo, medo a sério ,um tremor fininho já se alojara nas suas costas ficou paralisado olhou em volta e nada viu. A janela estava fechada. Não havia nenhum sistema de ventilação no quarto. Mas foi um sopro, disso não restavam dúvidas.
Que força anormal foi aquela que lhe soprou no rosto? O que é mais arrepiante é que nessa mesma noite houve relatos de mais quatro pessoas sem nada em comum que sentiram a mesma sensação.
Dormes sozinho?
Tenta não acordar durante a noite, porque o que quer que seja que te sopre na cara antes de acenderes a luz, pode não te deixar vivo para contar a história.
NO ESCURO TEM MEDO, TEM MUITO MEDO.

domingo, 11 de março de 2007

O Gato De Apartamento


Vives sozinho ?
E como não suportas a solidão tens um gato em casa.
Porque um gato faz companhia ,é asseado e faz xixi num determinado sitio
Estrategicamente situado num ponto da casa “uma caixa”.
Fazes mal viver sozinho com um gato em casa.
É certo que um gato pode-se confinar a um exíguo espaço o que até dá jeito, mas agora lê o seguinte mito.
Pedro como muitos outros era um jovem toxicodependente .
Desempregado, sem família e amigos. Pelo menos na actual realidade porque outrora havia sido diferente. Ganhava alguns euros com o jornal feito num canudo embrulhado na palma da mão a estacionar carros no cais sodré .
De fisionomia estreita, magra, esquelética até, barba de quinze dias, cabelo desgrenhado, casaco preto rasgado, jeans igualmente esfarrapados. Em largas pinceladas era assim que alguém descreveria o aspecto de Pedro enquanto drogado arrumador de carros sem carteira profissional.
Naquele fatídico dia Pedro chegou ao trabalho no seu horário normal, 8:00.
O sol nesse dia havia nascido especialmente brilhante e o céu apresentava-se limpo Pedro sentado no chão encoberto por um muro parcialmente destruído, preparava o que parecia ser um kit farmacêutico de injecção para toxicodependentes. Estava a preparar a primeira dose do dia . Logo após ter satisfeito o vício já Pedro se preparava para ajudar um cliente a estacionar o seu automóvel . um e mais outro e mais outro um sem número de veículos estacionados durante todo o dia .Dia esse que se encaminhava para o final e Pedro já havia gasto três kits. Tonto de olhos enevoados e vermelhos. Nas pernas já não se aguentava, caiu três vezes até chegar á soleira da porta do nº63 onde pernoitava no T0 do 3º piso esquerdo.
Com muito custo e após várias quedas, uma das quais lhe causou um enorme arranhão na face esquerda, lá conseguiu alcançar a porta e abri-la .Pois encontrava-se apenas encostada, visto que o trinco há muito que se encontrava avariado .
Ao transpor os primeiros centímetros do wall da entrada, havia tropeçado numa caixa velha e caído de costas, visto serem abundantes pelo cubículo onde vivia , juntamente com garrafas vazias trapos velhos e papelões que serviam de agasalho. O cheiro esse nauseabundo,que era não se conseguia suportar. Apenas parecia não incomodar ao Pedro e ao Bernardo, que era o gato lá de casa. Pêlo curto e preto, olhos amarelos cabeça grande, ossatura larga e de barriga bem abastecida. Pois comida para gato era o que não faltava lá em casa . Bernardo comia de tudo desde as rechonchudas ratazanas cinzentas, ás baratas que por lá coabitavam com as aranhas e lagartixas .
Pedro não se conseguiu levantar na totalidade, apenas se debateu o suficiente para conseguir ficar sentado e preparar mais um kit. O derradeiro e último kit.
Olhos vidrados .
Apenas um.
Nuca partida.
Banhado no seu próprio sangue .
Do braço esquerdo só tinha os ossos unidos pelos tendões mais duros.
Orelhas rasgadas .
Da cintura para baixo estava intacto.
Da cintura para cima apenas existia o casaco e a t-chirt rasgada .
Da caixa tóraxica já pouco existia bem como do seu interior.
Foi este o cenário com que a policia de segurança pública se deparou, após ter sido alertada pela velhota do 3º piso Direito vinte e três dias depois de ter ouvido Pedro pela última vez subir a escadaria de madeira.
O seu corpo frágil e quase moribundo, não havia resistido ao excesso de droga tomado num só dia.
Morreu no meio do entulho, no silêncio dum T0 que tresandava a tudo o que era lixo.
Mas não morreu só.
Contava com a companhia do seu amigo Bernardo que lhe serviu de companhia durante muitas noites. E que ainda mesmo que involuntariamente lhe continuaria a fazer companhia, visto que a porta principal ironicamente se trancou após Pedro a ter transposto ao entrar em casa.
Pedro morrera, Bernardo na sua ignorância de gato continuou a ser-lhe fiel. Mesmo sem alternativa visto que se encontrava trancado dentro daquelas paredes.
Ele ronronava ,roçava-se em Pedro mas sempre sem obter resposta do seu dono.
Os dias passavam, o alimento faltava a Bernardo .
Ele desesperava por sair dali.
O seu miar era agora agonizante.
Os dias passavam Bernardo não resistiu, e o seu instinto animal falou mais alto.
Pedro estava morto e ele faminto.
Os dias passavam, uns após os outros muito lentamente.
Dona Rita, Viúva e com setenta e oito anos, por diversas vezes sentiu a falta de Pedro .
E aquele cheiro cada vez mais forte a cada dia que passava.
Os dias passavam e ela estranhava tanto o mau cheiro cada vez mais forte, como a porta que se encontrava completamente trancada, coisa que não era costume.
Certo dia ao deparar-se com o mesmo cenário dos dias anteriores decidiu ligar o 112 e chamar a policia.
Não tardou hora e meia para que os agentes da policia se fizessem comparecer no local.
A porta do apartamento T0 do piso 3º esquerdo encontrava-se ironicamente trancada.
Tomás que era o agente a quem cabia o cargo de arrombar a porta. Já preparava um utensílio em ferro maciço com cerca de setenta centímetros de comprimento, que não se fez tardar para arremessar á porta já por si fragilizada com os anos que tinha.
Aporta escancarou-se .
O cenário era arrepiante.
Sangue, ossos um rosto desfigurado .
Com uma forte corrida como que para a liberdade ia Bernardo lançado através da porta .
Parou, olhou para trás.
A boca suja de sangue.
Os olhos amarelos brilhavam .
Que brilho!
Que olhos!
Os olhos ternurentos e brincalhões de Bernardo tornaram-se nuns olhos frios, brilhantes e arrepiantes .Mas não para ele porque o Pedro após ter morrido era apenas mais uma refeição.
VIVES SÒZINHO?
TENS UM GATO ?
ENTÃO TEM MEDO,TEM MUITO MEDO.

segunda-feira, 5 de março de 2007

Os discos rígidos.



Tens uma máquina de filmar ou fotografar que utiliza discos rígidos ?
Então toma muita atenção!
Tenho um tio que trabalha numa oficina de assistência a uma loja multinacional de informática.
E ele sabe que comecei á pouco tempo a escrever neste blog, e um dia destes passou por minha casa para me relatar uma história digna de ser aqui postada .
O mês passado o meu tio á hora de almoço, pegou no tabuleiro e foi retirando a comida lá no self-service do refeitório da oficina, quando ao sentar-se junto a dois técnicos estava a escutar uma conversa que envolvia câmaras e maquinas de fotografar, mas da forma que a conversa estava a ser comentada parecia envolta num enorme secretismo.
Ele perguntou qual o assunto para tanto secretismo?
E foi então que um dos técnicos o foi colocando a par da conversa, tratava-se do seguinte .
Um dos técnicos ao abrir uma máquina de filmar para reparar uma pequena avaria, constatou que o disco rígido estava a rodar. Mas como poderia o disco rodar com a máquina desligada? Retirou a bateria e o disco parou de rodar. Voltou a colocar a bateria e o disco voltou a rodar mas com a máquina desligada. ou seja o disco rodava com a máquina desligada e com bateria. E parava se lhe fosse removida a bateria.
Voltou a colocar a bateria, o disco começou a rodar novamente e foi buscar um Espectomodem com ecrã, ligou-o a cinco metros de distancia da câmara e qual não foi o seu espanto, quando se viu a ele próprio no ecrã do Espectomodem.
Ou seja a câmara tinha a bateria inserida mas estava desligada e a transmitir imagem.
Agora só resta saber o seguinte como é que a câmara envia imagens, estando desligada?
E para onde são enviadas a imagens?
E quem as vê?
E será que é só enviada imagem?
E o som ?
Tens câmara com disco rígido ?Então tapa-lhe a objectiva e retira-lhe a bateria quando estiver no descanso.







domingo, 4 de março de 2007

quinta-feira, 1 de março de 2007

O roupeiro

Já alguma vez sentiu aquela sensação,de quando está a abrir o roupeiro possa sair de lá de dentro alguém.
pois é !
Isso já aconteceu.
Aconteceu a uma amiga minha ,um dia destes não há muito tempo, o namorado deixou-a á porta de casa,despediram-se com um beijo daqueles que os namorados dão quando se querem
despedir. E combinaram um posterior encontro logo após o jantar no bar da vila.
A minha amiga abriu o portão de casa e dirigiu-se á porta principal levou a mão á
mala e retirou do seu interior a chave de casa.
Rodou a fechadura duas vezes abriu a porta e ao entrar em casa vislumbrou algo que de anormal se passava.
A bolinha de pêlo o seu ternurento e agradável companheiro de todos os dias o seu bichano,não veio ao seu encontro.
-bichaninho chamou em voz alta,
para que a sua bolinha de pêlo viesse ao seu encontro.
mas não surtiu nenhum feedback.
Embora achasse toda aquela situação surreal,decidiu prosseguir a sua tarefa que seria tomar um duche,preparar o jantar e voltar a sair.
Dirigiu-se á casa de banho,após ter se desfeito do casaco e da mala,também se descalçou passou
os olhos pelo grande espelho e enquanto se despia foi abrindo o cortinado da banheira,abriu a torneira . E foi nesse preciso instante,que se deparou com algo mais que também não acontece todos os dias.
Não havia água quente.
Deu meia volta e virou á esquerda na direcção da cozinha onde se encontrava o esquentador.Não sem antes passar pela porta entreaberta do quarto de onde saiu um ruido algo sinistro. Que seria algo entre um ranger de madeira e um gemido. Gemido esse que não conseguiu identificar.
ficou tensa .
A respiração abrandou,
os pêlos finos e louros dos braços crisparam-se,
petrificou.
Mas ficar parada á entrada da porta do quarto não era solução. Ouviu novamente o ranger de madeira e agora seguramente identificou de onde veio o ruido. entrou no quarto com os pés nús e todo o restante corpo a tremer de friu e de calor simultaneamente.
Chamou pelo gato mas sem obter o mais pequeno ruído.
Avançou devagar quarto dentro,com fraca luminusidade jamais iria destinguir o que quer que fosse que teria provocado tal barulho. Acendeu uma vela aromática,visto a luz do tecto ter rebentado segundos antes ao ligar o interruptor,e ainda faltava transpôr o armário da roupa e a cama até chegar á janela fechada.
E foi nesse momento ao passar pelo roupeiro que teve a certesa em absoluto que o ruído saíra lá de dentro. abriu a porta.
E foi então, dentro da sua casa,do seu quarto,do seu roupeiro que viu a imagem mais tenebrosa.
o seu gato,a sua bolinha de pêlo dentro do armário ensaguentado quase mal respirava pendurado de cabeça para baixo,pêlo oriçado e molhado de sangue. O rabo esse bem apertado por uma mão humana,um ser despresivel nojento,alto,cabelo preto,sujo,enliado,óleoso cara suja dentes podres com uma expressão que transmitia agressão,medo,terror.
Ela gritou,recuou voltou a gritar,caíu de costas em cima da cama e gritou como se não houvesse amanhã. Mas em vão,o homem ou lá o que seria com aquele aspecto,saiu com um salto do roupeiro passou por cima dela,agarrou o seu rosto com as enormes mão besuntadas de sujidade.
E lançou-lhe um olhar de ameaça,terror e medo.
Nisto deu um salto para trás,desiquilibrou-se caíu,levantou-se e fugiu pela porta do quarto e porteriormente pela da rua.
Até hoje ninguém sabe explicar como essa criatura entrou lá em casa.
Ficou a saber que,ao abrir o roupeiro ,tenha medo tenha muito medo.